Nas vésperas das Comemorações do Centenário da Implantação da República que no próximo ano se comemora, paremos um pouco para pensar a quem devemos tudo isso. A par dos nomes mais sonantes como o Almirante Cândido dos Reis, Afonso Costa, entre outros, surge Carlos da Maia, esse olhanense que também ele foi resistente e obreiro desta Revolução.
Nasceu em Olhão, no ano de 1878, na rua que hoje tem o seu nome. Cedo se alistou na Armada e estava presente no 5 de Outubro de 1910. Participou, chefiando as suas tropas, no assalto ao Arsenal da Marinha e distinguiu-se na tomada do Cruzador Dom Carlos, tornando possível, numa acção conjunta , a deposição da Monarquia. Portou-se sempre como um herói, um patriota, um homem íntegro. Por esse motivo, veio a ter diversos problemas no turbilhão de ideais em que a República depois se tornou. Após a Revolução, passou a Capitão –Tenente, chegando mais tarde a Capitão de Fragata. Foi eleito às Constituíntes. Em 1914 foi nomeado Governador de Macau, onde desenvolveu um trabalho notável. Teve uma carreira política, mas era fiel aos seus ideais, não apoiando os desvios da linha republicana mais pura.
Aderiu sem reservas ao Sidonismo, revoltado que estava com a anarquia em que o Republicanismo se tornara (1917), tomando a pasta da Marinha. Em 1919 participou na repressão da Revolta Monárquica de Monsanto, sendo depois Ministro das Colónias. Foi assassinado em 1921, no triste episódio da « Noite Sangrenta », alvo de uma verdadeira caça ao homem, onde foram vítimas mais figuras de relevo da época. Falou-se de «derrubar ídolos » , « desacreditar o Regime »,numa acção cuja responsabilidade nunca ficou bem aclarada. O que fica bem assente, é que Carlos da Maia até deu a vida pelas suas convicções e conseguiu assim a imortalidade. É caso para dizer que « tudo vale a pena se a alma não é pequena».
P.Palmeira
Grupo de História
|