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O Paradigma de Desenvolvimento I |
Os recentes acontecimentos a respeito do aumento dos preços dos combustíveis, carestia dos bens de primeira necessidade e crise alimentar, infelizmente vieram confirmar aquilo que havíamos publicado no último Mercurio.ESFFL , o que significa que aquilo que se está agora a passar não é, ao contrário do que poderíamos pensar, algo que tenha surgido de súbito, como que “sem aviso prévio”, ainda que isso pudesse ter acontecido – por exemplo, através de uma mega catástrofe, ou de pandemias ou através de um conflito armado generalizado. Mas nada disso aconteceu. Então o que aconteceu? Parece não haver dúvidas de que as causas desta crise radicarão, em primeiro lugar nas reiteradas políticas de desincentivos à produção agrícola de carácter local e regional, com o consequente abandono dos campos, em favor de uma produção concentrada em algumas regiões, principalmente no que concerne à Europa e Estados Unidos, mais intensiva e de “escala”, que redundou numa progressiva perda de “reservas estratégicas” de auto-suficiência e, por outro lado, de perda de biodiversidade que garanta uma resposta a pragas ou mesmo a intempéries. Em segundo lugar, a continuada desregulamentação do comércio dos produtos agrícolas a nível global, favorecendo as grandes produções e as monoculturas, em detrimento das pequena e média produções e as culturas diversificadas, com o consequente empobrecimento dos solos (através do desgaste exigido pela maximização da produtividade e consequente quebra de nutrientes, assim como do uso intensivo de pesticidas e fertilizantes), o que, entre outras coisas, tornou deficitários países que eram, não apenas auto-suficientes como excedentários em certos bens alimentares: casos do México (milho e trigo), Bangladesh (arroz), Peru e Chile (fruta e legumes), só para citar os mais flagrantes. José Graziano, representante da Organização para a Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO – sigla em inglês), na 30.ª conferência regional da América Latina e Caraíbas, apontou sobretudo três causas para o aumento do preço dos alimentos a nível global:
1.ª) Uma maior procura dos mercados emergentes da Ásia, em especial China e
Índia – tendo este último aumentado a procura nos últimos anos em 10%;
Por seu turno, num artigo de opinião intitulado “Separar o trigo do diesel”, Carlos Fiolhais afirmou que, embora factores como o aumento da procura ou condições climáticas adversas tenham grande influência na subida dos preços dos cereais, e por arrastamento, dos produtos de primeira necessidade, há um factor relativamente recente que consiste na “redução das áreas cultivadas para fins alimentares em benefício dos biocombustíveis”, deixando-se de plantar trigo “para se plantar soja, que dá biodiesel”. Ainda segundo Fiolhais, “tem havido uma enorme pressão internacional para incorporar produtos de origem vegetal nos combustíveis”.
A questão que se coloca é saber porquê? Qual a causa desta
“pressão” ou, o que vai dar ao mesmo, a que se deve esta “pressa” em atingir-se
metas tão ambiciosas de substituição de combustíveis (a EU estabeleceu uma meta
de 10% a atingir em 2020), quando a mesma urgência não se verifica ao nível das
metas do Protocolo de Quioto (pelo menos há uma maior complacência por parte de
alguns países), quando, essas sim, deviam estar envoltas em urgência? – Para
mais quando os factos de que se dispõe, aqueles a que o cidadão comum tem
acesso, contrariam o argumento segundo o qual os biocombustíveis podem combater
o efeito de estufa. Pois os ganhos que se obtêm na substituição dos
combustíveis tradicionais por biocombustíveis, isto é, a menor quantidade de
CO2 expelido para a atmosfera (por via da sua utilização em veículos
automóveis), não compensa as queimadas de vastas zonas arborizadas, nem a
própria queima de combustíveis que, por sua vez, é necessária para a produção
daqueles.
Para além disso, como disse Fiolhais, a conversão de extensas zonas agrícolas para a produção de biocombustíveis (sejam de primeira ou segunda geração) tem vindo a diminuir drasticamente as zonas dedicadas ao cultivo para a alimentação. Uma das consequências é precisamente o aumento da pressão sobre os preços (mesmo que a produção para fins alimentares equivalha apenas a 20% da produção total, sendo que o grosso vão para a ração animal). Mas a despeito destas causas, mais ou menos recentes, será necessário pensar-se acerca daquelas que radicam no modo de concepção do modelo de desenvolvimento económico em andamento a nível global, as quais são certamente um pouco mais complexas. |
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