Parménides, filósofo grego (séc. V A. C.) foi dos primeiros a afirmar que tanto o tempo como o movimento e a mudança não passavam de ilusões. Nos nossos dias, outro homem nega a existência do tempo há já 30 anos: Julian Barbour. Este britânico, doutorado em física, decidiu não tentar conquistar uma situação estável na Universidade. Ganha o pão como tradutor de revistas científicas russas e dedica o tempo que sobra a pensar sobre temas fundamentais, sem a angústia que atinge qualquer cientista: publicar ou morrer. Pode dar-se a esse luxo, pois não depende de subsídios que exijam u mínimo de textos publicados por ano. Diz que assim consegue pensar com maior profundidade; poderá ser a melhor solução, tendo em conta as dores de cabeça que este tipo de questões provocam.
Questões a meio caminho entre a Física e a Filosofia
Já Richard Feynman, Prémio Nobel da Física, afirmava: Nem me perguntem o que é o tempo! É demasiado difícil pensar sobre o assunto.” O cosmólogo Lee Smolin não lhe fica atrás: “Estudei o que é o tempo durante a maior parte da minha vida, e não estou mais perto da resposta do que quando andava na escola primária.”
Uma pessoa pragmática diria que o tempo é aquilo que o relógio marca, mas, se pegarmos nos dois relógios mais perfeitos jamais fabricados, os sincronizarmos e os deixarmos a funcionar, acabarão por marcar uma hora diferente, mais tarde ou mais cedo. Qual dos dois está certo? Ainda mais interessante: o que queremos dizer ao afirmar que um relógio se adianta ou se atrasa? Estamos a partir do princípio de que existe um tempo absoluto, mas como podemos afirmá-lo, se não é possível medi-lo com precisão?
Acreditar num tempo pré-existente conduz a certos paradoxos, explica Lee Smolin. “O tempo poderia decorrer se não houvesse nada no universo? Se tudo se detivesse, o tempo continuaria a passar?
Para complicar ainda mais, novas teorias como a do “Paradoxo da Informação”, vêm afirmar que a própria noção de causalidade se pode diluir num mundo sem tempo definido em termos macrocósmicos.
Actualmente o mundo científico está dividido: alguns cientistas pensam que existe um tempo intrínseco, oculto nas dobras do universo; outros defendem simplesmente que o tempo não representa um aspecto fundamental do mundo, sendo apenas uma certa criação do espírito para orientarmos as sequências de informação, a um determinado ponto relativo.
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